Reforma Tributária e o que muda nos Estacionamentos

Reforma Tributária no Brasil: o que muda para os estacionamentos?

A Reforma Tributária brasileira, aprovada pela Emenda Constitucional nº 132/2023, traz mudanças profundas na forma como os impostos sobre o consumo são cobrados. Para os estacionamentos, os impactos são diretos e relevantes, afetando preços, margens, sistemas de gestão e a forma de emissão de documentos fiscais. Neste artigo, explicamos de forma clara o que muda na prática para estacionamentos e como se preparar para essa nova realidade.


O fim do ISS, PIS e Cofins

Atualmente, os estacionamentos recolhem principalmente:

  1. ISS - Antigo ISSQN (Imposto Sobre Serviços) – municipal (para a prefeitura)
  2. PIS e Cofins – federais

Com a Reforma Tributária, esses tributos serão gradualmente extintos e substituídos por um novo modelo de imposto sobre valor agregado (IVA), chamado de IVA Dual.


O que entra no lugar: CBS e IBS

O novo sistema será composto por dois tributos:

  1. CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – federal
  2. IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – estadual e municipal

Na prática, ambos funcionam como um IVA, incidindo sobre o valor do serviço prestado. Como o estacionamento é classificado como serviço, ele será integralmente tributado por esse novo modelo.


A carga tributária tende a aumentar

Hoje, a carga tributária média de um estacionamento costuma ficar entre 6% e 9%, considerando ISS, PIS e Cofins.

Com o IVA Dual, as estimativas apontam para uma alíquota total entre 25% e 27%. Para setores industriais, esse impacto pode ser compensado com créditos ao longo da cadeia produtiva. Já para os estacionamentos, a realidade é diferente.


Pouco crédito tributário para estacionamentos

O novo IVA permite o aproveitamento de créditos dos impostos pagos em etapas anteriores. No entanto, estacionamentos possuem uma estrutura com baixo potencial de crédito, pois:

  1. A maior parte dos custos está na mão de obra (que não gera crédito)
  2. Muitos operam em imóvel próprio
  3. A operação é simples, com poucos insumos tributáveis

Alguns créditos podem existir (energia elétrica, serviços terceirizados, tecnologia), mas em geral não compensam o aumento da alíquota.


Impacto direto no preço ao cliente

Diante desse cenário, o gestor de estacionamento terá basicamente três caminhos:

  1. Repassar o aumento de imposto ao preço final
  2. Reduzir a margem de lucro
  3. Buscar eficiência operacional, com automação e redução de custos

Exemplo prático

  1. Ticket médio atual: R$ 10,00
  2. Impostos hoje (~7%): R$ 0,70
  3. IVA futuro (~26%): R$ 2,60

A diferença é significativa e tende a pressionar os preços cobrados dos clientes.


Mudanças na emissão de documentos fiscais

A Reforma Tributária também traz uma padronização nacional da nota fiscal, com maior integração entre União, Estados e Municípios.

Isso exigirá que os sistemas de estacionamento:

  1. Destaquem corretamente CBS e IBS
  2. Identifiquem o local da prestação do serviço
  3. Gerem relatórios fiscais mais detalhados

A fiscalização será mais automatizada e cruzada, reduzindo erros e informalidade.


Para quem usa aplicativo em máquina de cartão

Para quem usa software embutido em máquinas de cartões, não precisam se preocupar. Esses aplicativos já são conectados com retorno do PIX automático e retorno do pagamento dos cartões, enviando para a Receita Federal automaticamente todas informações de movimentos realizados no estacionamento, incluindo pagamento em dinheiro, o que evita a evasão fiscal.


Período de transição: atenção redobrada

A implantação do novo sistema será gradual:

  1. 2026: início dos testes e cobranças simbólicas
  2. 2027 a 2032: convivência entre o sistema antigo e o novo
  3. 2033: vigência plena do IVA, com extinção total do ISS, PIS e Cofins

Durante esse período, a gestão fiscal ficará mais complexa, exigindo sistemas atualizados e controles precisos.


O que o dono de estacionamento deve fazer agora

Para se preparar, é fundamental:

  1. Revisar o enquadramento tributário da empresa
  2. Simular o impacto da nova carga nos preços
  3. Ajustar contratos com mensalistas e convênios
  4. Utilizar um sistema de gestão preparado para a Reforma Tributária, como o PARKEER



Conclusão

A Reforma Tributária representa um dos maiores desafios recentes para o setor de estacionamentos. Embora simplifique a estrutura de impostos no longo prazo, ela traz um aumento relevante de carga tributária para serviços, exigindo planejamento, tecnologia e visão estratégica.

Quem se preparar desde já terá mais chances de atravessar esse período de transição com segurança e competitividade.